A cidade de Vitoria-Gasteiz é conhecida internacionalmente pela biodiversidade e a integração de espaços verdes ao tecido urbano. Dentro do projeto de anel verde interno, os estúdios Urbanarbolismo e Unusualgreen, junto a Urbaser e Zikotz, realizaram esta fachada vegetal cujo propósito é trazer o ecossistemas de Álava para o centro da cidade.
Mais detalhes a seguir.
Arquitetos: Urbanarbolismo e Unusualgreen
Localização: Vitoria-Gasteiz, Álava, Espanha
Início do projeto: Maio de 2013
Término do projeto: Novembro de 2013
Fotografias: Quintas Fotografos, Jordi Serramia Ruiz, Hugo Riquelme Ortega
Construtoras: Zikotz e Urbaser
Orçamento: 485.000 Euros
Tecnologia: Sistema f+p preplant.
O sistema de jardim vertical f+p preplant é um sistema de jardim vertical hidropônico composto por dois elementos: um contínuo de feltro no tecido e painéis de substrato inerte pré plantados. Esta configuração permite colocar os painéis pré-plantados diretamente sobre o feltro que já tem boa umidade. Este processo reduz ao máximo o estresse da planta no processo de remoção e plantio.
A fachada vegetal tem uma superfície total de 1492 m², dos quais 1000 m² são jardim vertical do sistema f+p hidropônico e 492 m² são de trepadeiras que cobrem as janelas. Para sua plantação foram utilizadas mais de 33.000 plantas de diversas variedades nativas da área de Álava e do País Basco.
O motivo principal pelo qual o projeto surgiu foi melhorar o consumo energético do Palácio de Congressos. O sistema de jardim vertical proposto: "f+p preplant" acrescenta uma resistência térmica de 2,644 m².K/W. Isto representa um aumento de 270% em relação ao isolamento da fachada existente, com o ganho energético consequente.
O projeto tem como referência os ecossistemas que existem no entorno de Vitoria-Gasteiz e os reproduz ao longo da fachada. Da esquerda para a direita aparece a vegetação de Humedales de Salburua, os campos agrícolas de Álava, os ecossistemas dos montes argilosos e as florestas das montanhas de Vitoria.
Na base do jardim colocamos um pedestal de aço corten retroiluminado com uma explicação dos ecossistemas reproduzidos no jardim vertical e as espécies vegetais que o conformam. 97% das espécies utilizadas no jardim são nativas, muitas endêmicas de Ávala. É o primeiro jardim vertical que reproduz ecossistemas nativos da área em que se localiza.
A utilização de plantas nativas foi um dos principais desafios do projeto, muitas das plantas do entorno de Vitoria estão adaptadas aos períodos de seca do clima de planalto e tem dificuldades para sobreviver em entornos mais úmidos, como os sistemas convencionais de jardim vertical. Para este projeto, desenvolvemos o sistema f+p otimizando a saturação de água do substrato de forma que estes tipos de plantas pudessem se desenvolver perfeitamente.
O sistema hidropônico utilizado para manter este jardim confere ao substrato ótimas condições de nutrientes, pH, condutibilidade e umidade para este tipo de vegetação; todo o sistema é monitorado através de controle remoto com o objetivo de economizar água e energia e controlar o desenvolvimento das plantas.
Percorrendo a fachada vegetal da esquerda para a direita encontramos primeiro o pântano vertical, a fachada vegetal reproduz o padrão formal dos pântanos de Salburua (uma área no entorno da cidade de Vitoria-Gasteiz). As espécies utilizadas são próprias dos pântanos da área: Scirpoides holoschoenus, Cyperus longus, Carex mairii, Juncus maritimus, Juncus acutus, Cirsium monspessulanun, Tetragonolobus maritimus, Lysimachia ephemerum.
No centro da fachada os perfis de alumínio reproduzem a estrutura dos campos de Álava. Dentro deste espaço temos uma área destinada a uma Horta Vertical onde são plantadas espécies de acordo com a estação, agora é inverno e encontramos alface e agrião.
Na área norte da fachada a estrutura dos perfis se torna mais orgânica e se estrutura a partir de um rio, é o Bosque Vertical. Esta é a área que reproduz os ecossistemas das colinas e montanhas de Vitoria. Algumas das espécies utilizadas são: Ribes alpinum, Sorbus aria, Crataegus monogyna, Prunus spinosa, Erica vagans, Genista occidentalis, Globularia nudicaulis, Teucrium pyrenaicum, Bromus erectus, Carex humilis. Foram inclusive plantadas duas espécies de árvores: Faias "Fagus sylvática" e teixos "Taxus baccata".
As grandes janelas foram cobertas por videiras caducifólias que permitem a passagem de luz do sol no inverno e protegem o edifício do calor do verão, criando um edifício ecologicamente e biologicamente eficiente.
O perfil que estrutura o desenho do bosque vertical é iluminado à noite com leds de baixo consumo criando um entorno inigualável para passear pelo centro de Vitoria-Gasteiz.
O pedestal de aço corten não só oferece informação didática sobre o jardim e os ecossistemas da cidade mas também se converte em um espaço para descanso e conversa, um banco dentro de um parque vertical.
Surpreendeu-nos a rapidez com que a natureza brotou no jardim vertical, graças às plantas nativas o jardim foi colonizado por todo tipo de insetos e animais. Deixamos aqui uma imagem de uma ave procurando alimento.